O Método TheraSuit foi criado em Michigan/USA, pelos fisioterapeutas Izabela Koscielny e Richard Koscielny. O desenvolvimento deste novo método de tratamento foi visando a reabilitação de sua filha que tem Paralisia Cerebral. A base da técnica foi uma veste criada por pesquisadores Russos com intuito de contrapor os efeitos negativos vividos pelos astronautas (atrofia muscular, osteoporose) devidos à falta de ação da gravidade em suas longas viagens pelo espaço. É constatado que pessoas com desordem neuromuscular precisam de repetições intensas de exercícios para aprender e adquirir uma nova habilidade motora. O progresso das evidências científicas associado à melhora significativa dos pacientes com distúrbios neurológicos que optaram por este tratamento faz desta técnica a primeira escolha entre os pacientes norte-americanos.
Depois de algumas adaptações, em 2002, uma veste chamada TheraSuit foi criada para alterar e melhorar a propriocepção (pressão das articulações, ligamentos e músculos), reduzir reflexos patológicos, restaurar sinergias musculares fisiológicas (padrões adequados de movimento) e realizar uma descarga de peso sobre o corpo inteiro (processo semelhante ao que ocorre em nosso corpo 24h por dia decorrente da reação de nossos músculos contra as forças gravitacionais). Todos os itens acima normalizam as informações vestíbulo-proprioceptivas aferentes (informações que chegam ao sistema vestibular). O sistema vestibular é um centro muito importante. Processa, integra e envia de volta todas a informações que chegam a partir de músculos, articulações, tendões etc. Influencia o tônus muscular, o equilíbrio e a posição do corpo no espaço.
O Alinhamento corporal mais próximo do normal irá promover uma informação proprioceptiva mais correta vindo dos ligamentos, músculos, tendões, e capsulas articulares. O ciclo vicioso (figura 1) pode ser interrompido e a informação incorreta será substituída por uma “nova” informação correta (figura 2).
Um paciente (criança ou adulto) com diagnóstico de paralisia cerebral ou outros distúrbios neuro-motor requerem centenas de repetições de qualquer movimento a ser aprendido ou reaprendido. Nós acreditamos que como indivíduos, todos nós temos um número “mágico”. Por exemplo: um bebê que está tentando se empurrar do chão precisará repetir o movimento algumas centenas de vezes, para assim ser capaz de completar a tarefa e dominá-la. Outros bebês poderão precisar de mais ou menos repetições para aprender a mesma habilidade. No entanto, para a criança ou adulto com paralisia cerebral, esse número “mágico” cresce para mil ou mais repetições para que assim esse indivíduo possa aprender e dominar essas novas habilidades. A veste TheraSuit utilizada em associação com um programa de exercícios irá corrigir a propriocepção e acelerar esse progresso. Graças à essa associação (veste TheraSuit + terapia intensiva) as habilidades praticadas irão se tornar mais fluentes e irão requerer menos esforço.
Portanto, a veste TheraSuit combinada com um programa de reabilitação intensiva e específica irá facilitar o desenvolvimento de novas habilidades motoras grossas e finas, como sentar, permanecer de pé, e andar.
TERAPIA INTENSIVA
O método se diferencia da terapia tradicional em vários aspectos. O primeiro passo, essencial para um bom tratamento, é a avaliação específica e minuciosa para a identificação dos reais déficits do paciente. Em seguida, com base nos resultados da avaliação, é elaborado um programa intensivo, individual e específico, com duração de 3 ou 4 semanas, com sessões diárias de 3 horas.
O treinamento do paciente é sempre individual e visa o ganho de força, capacidade cardiorrespiratória, coordenação, equilíbrio e melhora de sua funcionalidade. Os recursos utilizados são: TheraSuit (veste), Universal Exercise Unit (gaiola) e Spider.
Suit therapy
A veste TheraSuit é uma órtese dinâmica, constituída de cordas elásticas (específicas e antialérgicas), ajustadas de acordo com a necessidade específica do paciente. O paciente, com auxílio da veste, recebe informações contínuas de proprioceptores e de alinhamento correto. Desta maneira é possível inibir movimentos reflexos e permanecer em um padrão postural mais próximo do normal, aprendendo ou reaprendendo determinados movimentos. Com este auxílio, o tronco tem maior estabilidade, facilitando a coordenação das extremidades.
Unidade universal de exercício:
Sistema de Polias e Spider
Exercícios são realizados em uma gaiola específica com polias e pesos na qual se consegue realizar movimentos sem a ação da gravidade (primeira forma de aprendizado do movimento) e fortalecer músculos específicos. Este equipamento proporciona um ganho de amplitude nos movimentos, flexibilidade muscular e articular, assim como ganhos funcionais. Esta é a base para outras etapas, em que se trabalha o paciente somente em atividades funcionais.
No spider o paciente é mantido em pé, na linha média, por um sistema de cordas acopladas à gaiola. É treinado a realizar atividades funcionais. O terapeuta pode modificar o sistema de cordas facilitando ou dificultando a atividade (de acordo com o nível do paciente). Neste sistema, trabalha-se a integração sensorial, coordenação e equilíbrio.
